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Falece Praxedes, o "Bispo Xinez", vocal da banda Excomungados

O Sábado Anoiteceu para Praxedes


Sábado, 22h, anoiteceu para Marcolandio Gurgel Praxedes, vulgo "Bispo Xinêz".
Líder e vocalista dos projetos (bandas) "Excomungados" e "Igreja Punk dos Fins de Semana" (que mais tarde ficou apenas "Igreja Punk", alémd e dono do soelo, e extinta loja, Corsário Records.

Foi peça importante para o punk rock nacional, fazendo parte da história e caminho de muita gente que se tornou importante, e muitas peças chave neste cenário underground.

Ainda me recordo, como se fosse ontem, partes de rolês, paradas em bares para beber e jogar um papo pro alto, conversar de música, de anarquia, de vida boêmia, de passado e futuro do rock, de gravações e shows. Na mesma turma, não faltavam Nilcinha Marins (filha do Zé do Caixão), Rick Regis (músico e humorista, conhecido como o gago Sá Silva Jr, da Escolinha do Gugu), e até mesmo o Toninho do Diabo. Lógico, sempre havia algum assunto ou outro que ele empacava, ficava nervoso, como qualquer outro ser humano. E também, é lógico, tinha seus momentos de genialidade.


Lembro quando estávamos no estúdio Tyranossom, gravando faixas pro CD "Igreja Punk". Em certos momentos, eu era mandado pra tocar o baixo, depois me jogavam pra solar na guitarra, e em alguns momentos, me jogavam pra tocar bateria... durante a gravação mesmo! O processo de gravação dele era pirado, era sensacional, era demais! ANARQUIA TOTAL! Era uma das coisas que eu gostava nele, a mistura de caos e desordem de forma harmônica. Parecia só bagunça, mas, tinha aquela ponta de razão, o motivo de fazer acontecer daquela forma. Ele tinha o verdadeiro espírito livre na música.

Naquele dia, havia muita gente unida dentro do estúdio, que eu jamais imaginai que veria naquele dia. Lógico, haviam as pessoas aleatórias, colegas de bebedeira, galera de shows, tudo misturado num cubículo, mas, haviam ex-desafetos, unidos para fazer a cozinha musical em um CD de punk cru e visceral. Até o Pekinez estava lá (e em certo momento, achando que estava sendo gravado, cantava as tripas pra fora no microfone, perdendo a voz, enquanto do outro lado do vidro à prova de som, muitos riam e não tinham coragem de avisar que ainda não tava gravando). A Nilcinha estava lá, e gravamos vocais juntos. Aquele dia, choveu bastante do lado de fora, guarda-chuvas quebraram, mas, nada importava. Duro era carregar as guitarras e o baixo pra casa, após um dia gastando toda energia pulando , tocando e cantando. foi-se gravado uma versão bem diferente do que havia sido criado o Hino do Zé do Caixão.


Sábado, 9 de Fevereiro, 22h da noite, um segundo AVC o levou, e outro dia como este não vai mais se repetir,d e gravação, confraternização, genialidade, caos organizado, desorganização calculada... Segunda, 11 de Fevereiro, entre 10h e 11h da manhã, velório, cremação e sepultamento de Praxedes, no Cemitério do Curuçá, em Santo Andre, na Capela do Parque das Nações, Rua Coréia, 491.

Uma despedida de um ícone. Não ficou "famoso", não foi superstar em TV e rádios, mas, foi uma figura importante e necessária no cenário do punk rock, durante décadas. Ajudou bandas a serem lançadas, deu aquele empurrãozinho pra galera fazer as coisas fluírem, e sempre manteve a alma pura.

Descanse em paz, amigo.

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