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Filme do Zé do Caixão em festival de Veneza!

Novo filme de Zé do Caixão participará do Festival de Veneza
ROMA, 29 JUL - O novo trabalho de José Mojica Marins, "Encarnação do Demônio", foi selecionado para participar da seção fora de concurso da 65ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica do Festival de Veneza, que acontece entre 27 de agosto e 6 de setembro.

"A Erva do Rato", de Júlio Bressane e Rosa Dias (e que tem no elenco Alessandra Negrini e Selton Mello), irá integrar a mostra Horizontes, que reúne obras com novas tendências cinematográficas. Outros latino-americanos que fazem parte dessa seção são os mexicanos "Voy a explotar", de Gerardo Naranjo, e "Los Herederos", de Eugenio Polgovsky.

O Brasil também aparece como co-produtor do francês "Puisque nous sommes nés", de Jean-Pierre Duret e Andréa Santana, e da nova obra do cineasta português Manoel de Oliveira, "Do Visível ao Invisível".

Apesar de não haver nenhum latino-americano selecionado para a competição oficial de Veneza, tanto "BirdWatchers", do ítalo-chileno Marco Bechis, quanto "Plastic City", do chinês Yu Lik-wai, foram rodados no Brasil e co-produzidos pela Gullane Filmes. A estréia na direção do roteirista de Alejandro González Iñárritu, o mexicano Guillermo Arriaga, também foi selecionada para a competição oficial.

Durante a apresentação dos filmes que participarão do Festival de Veneza, ocorrida hoje em Roma, o diretor Marco Müller comentou sobre a ausência de latino-americanos na seleção oficial. "Lamentavelmente o cinema latino-americano tem períodos de produção diferentes dos nossos e, por isso, é sempre difícil encontrar filmes válidos para Veneza, principalmente depois de todo o sucesso em Cannes deste ano e do Urso de Ouro de Berlim para 'Tropa de Elite'", disse.

"Mas foi no Brasil e no México onde encontramos o que buscávamos e incluímos alguns títulos em Horizontes e na seção fora de concurso", concluiu.

Após décadas, o personagem Zé do Caixão vai retornar em filme inédito

Em um estúdio da Vila Mariana, em São Paulo, a cena era tarantinesca. Em uma ante-sala, um grupo de mães, pais e avós tenta conter o ânimo de bebês que esperavam para fazer um teste para uma campanha de produtos alimentícios. Na mesma ante-sala, a veterana atriz de cinema Helena Ignez aguarda sua vez para fazer um teste de maquiagem de um novo filme, o 'singelo' Encarnação do Demônio.

Enquanto os pimpolhos brincam, atrás de uma das portas do estúdio, é a vez de Jece Valadão, testar a maquiagem para seu mais novo vilão no cinema. O 'mocinho' desta história supervisionava Valadão enquanto também fazia seu próprio teste. Como é alérgico, estava preocupado com a reação de sua pele aos materiais que terá de usar. Digamos que vão muito além do tradicional pancake e que a lista inclui sangue, pele artificial e imensas unhas de resina. Digamos também que o 'mocinho' atende pelo nome de José Mojica Marins. Sim, Zé do Caixão está de volta. Mais forte, sanguinário e... mais velho e sofisticado.

É a primeira vez em quase 30 anos que o cineasta vai dirigir um longa. Também é a primeira vez que Mojica filma com verba captada pelas leis de incentivo. Para quem fazia filmes artesanais, os cerca de R$ 1 milhão que o novo filme vai custar serão suficientes para a carnificina cinematográfica.

Meses depois de preparação, procura de elenco, testes de maquiagem, o massacre começa amanhã com filmagens no Hipódromo, que serve de locação para a prisão onde Zé do Caixão esteve esse tempo todo. Assim como para o criador, os anos também passaram no estranho mundo do personagem de terror mais brasileiro que já houve. O sanguinário coveiro não morreu em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967). Para alegria dos fãs, foi salvo do pântano em que se afogava, enlouqueceu e foi preso . Cumpriu sua pena por 30 anos e agora volta, fortalecido e determinado a encontrar a mãe de seu herdeiro.

E Zé do Caixão está mais implacável com a humanidade. Vai ter de se acostumar com a nova e nada glamourosa vida. Vilão brasileiro não mora em castelo mal-assombrado. Bruno (Rui Resende), seu fiel servo, construiu o QG em uma favela. É um mundo ainda mais desiludido, cínico e miserável que o vilão encontra.

Muitos não sabem onde acaba o Zé e onde começa o Mojica. As unhas são um bom começo. 'O Zé jamais cortaria suas unhas. Eu cortei. Depois de anos, estavam tão grandes que minha mão corria o risco de atrofiar', conta o cineasta, enquanto prova as postiças feitas em resina.

Zé do Caixão não é mais o mesmo? 'É e não é. Estou adorando ter produtores, estrutura. Mas já avisei que tenho jeito próprio de dirigir. Amanhã, quando começarmos a filmar é que vai ser a hora da verdade.'

De fato, Zé do Caixão nunca esteve tão sofisticado. Mojica, famoso por trabalhar em um esquema único, ganhou até um fiel escudeiro, bem ao estilo do personagem Bruno: o fanático Dennison Ramalho (diretor do curta Amor Só de Mãe). Zé também vai ter um sósia-dublê 'importado' dos EUA (o fã Raymond Castille), contará com um exército de figurantes (mais de 300) e terá pela primeira vez produtoras como Olhos de Cão, de O Prisioneiro da Grade de Ferro, que tem à frente Paulo Sacramento, e Gullane Filmes, de O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias.

'Mas faço questão de manter algumas coisas toscas dos filmes anteriores. Efeitos especiais, por exemplo, só nos créditos', diz Mojica que, no roteiro de Encarnação do Demônio, escrito com Ramalho, fecha a trilogia iniciada em 1964 por À Meia-Noite Levarei sua Alma. O coveiro sádico, que quer garantir a continuação de sua linhagem, em vez de eleger uma só vítima, seqüestra sete jovens.Típicas 'gostosas'.'Zé, por que nos seus filmes as mulheres têm sempre de ser lindas e aparecem nuas?', pergunta o Estado, que teve acesso exclusivo a este estranho mundo. 'Cheguei à conclusão de que se não tem mulher linda sofrendo não tem impacto', responde o diretor que, nos tempos das vacas magras enveredou pelo terreno do erótico e dirigiu filmes como Mulheres do Sexo Violento. Mas só tem mulher bonita? 'Não. Tem feia. No purgatório, está cheio.'

Em Encarnação do Demônio , até Iemanjá entra na dança. Ou melhor, no esgoto. 'Surge de águas fedorentas e literalmente vira do avesso', conta o cineasta, enquanto acompanha o teste de maquiagem de uma atriz que será mutilada por ele no filme. Sem estragar surpresas, é possível adiantar que a lista de carinhos nas vítimas inclui banhos em tonéis de vísceras, queimaduras, 'uma mulher estuprada por um rato vivo', canibalismo. Para tantas atividades recreativas, a equipe precisa de muitos figurantes. A pequena loja dos horrores montada pela equipe na Vila Mariana (o QG é chamado de 'Projaca' devido à jaqueira no quintal) já recebeu vários tipos desses que leram os 'chamados divinos' da equipe em jornais e sites. 'Apareceram figuras interessantes, é sempre bom ter opção', comenta a produtora de elenco Alessandra Tosi, enquanto se diverte com os mascotes do filme: cobras, lagartos, ratos.

Aos 70 anos, o cineasta festejadíssimo no exterior, que levou décadas para ser reconhecido em seu País e recebeu em 2005 a Ordem do Mérito Cultural, prova que terror no Brasil vai além de Delírios de um Anormal. 'Sem rancor. Fiz as pazes com o Brasil. Se conseguir terminar Encarnação, morro satisfeito.' Se depender da legião de fiéis Brunos mundo afora, Mojica ainda levará muitas almas ao cinema.

YATTA!

bye-Q!

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