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HOMEM QUE É HOMEM CHORA, MAS NÃO VIRA EMO!

A balada do macho sensível
Homem que é homem chora e ainda grava para todo o mundo ouvir

Existem maneiras e maneiras de se lidar com um inevitável pé-na-bunda. Há quem fique pelos cantos chorando as pitangas, outros tentam salvar pateticamente o namoro ao correr atrás da autora do chute, e alguns simplesmente partem para outra. A JAM STAITON aborda aqui um outro caso, o de figuras que compõem álbuns dilacerantes para purgar as mágoas.

Não vamos falar aqui de inglesinhos com síndrome de Oscar Wilde, que nunca superam a fase "ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire". O papo aqui é de macho que sabe enfrentar dignamente os percalços da vida na companhia de uma garrafa de destilado, um violão folk ou um piano. Gente que não tem medo de se expor e botar a tristeza para fora em forma de obras-primas musicais. Portanto, se você estiver passando por uma dor-de-cotovelo incurável, ouça um desses discos e chora, meu fio:

BLOOD ON THE TRACKS (1975)
Bob Dylan

A obra mais pessoal de Bob Dylan é fruto direto de sua separação com Sara, tema que voltaria a abordar no disco seguinte, Desire, numa música chamada (adivinha?) "Sara". Mas Blood On The Tracks, pela crueza e as letras doídas feito urticária na sola do pé, é o disco definitivo dos amores mal-curados. Não é, contudo, um disco biográfico, o que faz dele ainda mais sombrio. Só de pensar na raiva remoída que o narigudinho estava sentindo ao escrever obras-primas da desolação como "You're a Big Girl Now" e "If You See Her, Say Hello", dá medo. O que mais dizer de um disco em que o cara tá tão puto que xinga até o vento ("Idiot Wind")?

Há alguns anos, Dylan confessou não entender porque as pessoas gostavam tanto de um disco tão depressivo como este. Quem sabe por causa de "Tangled Up In Blue", onipresente em suas coletâneas, em que desabafa: "todas as pessoas que a gente conhecia são uma ilusão pra mim agora". Em "Simple Twist of Fate", Dylan procura a causa da infelicidade nos detalhes ("ela nasceu na primavera, eu nasci tarde demais / ponha a culpa numa simples mudança do destino") e em "Idiot Wind" reclama das fofocas alheias e exorciza a amada de vez ("um dia você estará na sarjeta com moscas zumbindo ao redor de seus olhos"). De repente, Dylan percebeu que a Guerra do Vietnã, contra a qual ele tanto cantou, era fichinha perto da desgraça que uma mulher podia lhe causar.

LOKI? (1974)
Arnaldo Baptista

Em 1974, Arnaldo Baptista estava passando por uma crise existencial das brabas. O casamento com sua primeira namoradinha e ex-companheira de banda, Rita Lee, tinha ido para as cucuias devido às inúmeras traições mútuas. Rita tinha sido chutada dos Mutantes, que seguiu por um caminho mais sisudo nas mãos de Arnaldo e de seu irmão Sérgio Dias. Não demorou muito e Arnaldo também se desentendeu com o irmão devido a divergências musicais. Arnaldo seguiu então o caminho lógico e partiu para a gravação de um disco solo.

Os problemas pessoais e a confusão mental, resultado de uma dieta de ácido que vinha seguindo nos últimos anos, foram os ingredientes que fizeram Arnaldo compor uma das obras mais idiossincráticas da discografia nacional. "Será Que Eu Vou Virar Bolor" traz o retrato desta confusão: "Venho me apegando ao passado/ e em ter você ao meu lado/ não gosto do Alice Cooper/ onde é que está meu rock 'n' roll?/ (...) o que é isso meu amor?/ será que eu vou morrer de dor?/ será que eu vou virar bolor?". Além de estar assombrado pelo fantasma de Rita, Arnaldo não conseguia nem ao menos se identificar com a música produzida na época. Acompanhado na maioria das faixas pelos mutantes Dinho (bateria) e Liminha (baixo), o disco não tinha guitarra elétrica.

"Uma Pessoa Só", ainda da época dos Mutantes, é fruto das viagens lisérgicas de Arnaldo, que achava que estava em comunhão com a banda e o público ao tocar a sua música: "Você também está tocando/ você também está cantando". "Não Estou Nem Aí" (com backing vocals de Rita), é uma ode ao escapismo: "Vamos para longe/ vamos para onde eu vou/ será que é difícil esquecer os males? (...) Porque eu não estou nem aí pra morte/ não estou nem aí pra sorte/ eu quero mais é decolar toda manhã". Ironicamente, Rita Lee também faz backing vocals em "Vou Me Afundar Na Lingerie", em que a fuga, nesse caso, se dá através das mulheres, já que ele está disposto a se perder na relatividade das pequenas. No sambinha "Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?", Arnaldo tira um sarro do projeto musical Cilibrinas do Éden, que Rita montou logo que deixou a banda.

A balada "Desculpe" é o recado mais direto para Rita: "Desculpe/ se eu fiz você chorar/ (...) me abrace/ diga-me meu nome/ diga que você me quer". "Navegar de Novo" mistura teorias urbanísticas com conquista espacial e o futuro do Brasil. Isso sem esquecer a solidão que sente: "Com meu bem fui ao cinema/ não me deixes tão sozinho". "Te Amo Podes Crer" é quase uma continuação da faixa anterior, com a letra misturando sentimentalismo com religiosidade e urbanismo: "Já faz muito tempo/ Que eu gosto de você/ não tenho saída/ te amo podes crer (...) espero o apocalipse tentando te encontrar/ é muito triste pensar/ em você com quem não vive depois da morte (...) quando não mais houver cidade/ eu vou te achar/ com mil anos de idade". Para encerrar, a acústica "´É Fácil" parece mais uma mensagem para Rita: "Eu me amo/ como amo você/ é fácil". Especula-se que o recado seja na verdade para o irmão Sérgio, já que nessa faixa Arnaldo toca um violão de 12 cordas, mostrando ao irmão, que tinha dificuldade com o instrumento, como era fácil tocá-lo.

BLUE VALENTINE (1978)
Tom Waits

A discografia de Tom Waits na década de 70, calcada no jazz de boteco, encarna uma assustadora cruza de Louis Armstrong com Keith Richards, cantando temas do mundo barra-pesada de Arturo Bandini (o alter-ego do escritor malaco John Fante). Em Blue Valentine, Tom adiciona o drama de um sujeito sozinho em pleno Dia dos Namorados (o Valentine's Day, comemorado no Hemisfério Norte no dia 14 de fevereiro), que recebe cartas de ex-amantes e lembra da infância sem perder a fama de mau.

Mesmo que metade do disco verse sobre noites chuvosas em lugares deprê ("Red Shoes By The Drugstore"), assassinos escondidos ("Romeo is Bleeding") e garotas que fogem de casa com merrecas no bolso ("$29,00"), Blue Valentine tem pelo menos quatro canções de fazer corar qualquer marmanjo. A primeira, "Somewhere", é uma versão do musical West Side Story; "Kentucky Avenue" é o retrato de uma infância em que o amor já aparece de forma meio doentia ("eu vou pegar um prego enferrujado e escrever as tuas iniciais no meu braço"); a letra de "Christmas Card From a Hooker in Minneapolis" é uma carta cruel de uma "moça da vida" que, depois de dizer que está feliz e contente, abre o jogo com o ex-amante e pede dinheiro pra pagar um advogado e conseguir ficar na condicional no Dia dos Namorados; por fim, a faixa-título resume tudo dizendo que "vai ser preciso muito whisky pra fazer com que estes pesadelos vão embora". Na falta do malte escocês (ou paraguaio mesmo), qualquer bebida com gradação alcoólica acima dos 40 serve pra curtir Blue Valentine em sua plenitude.

ZUMA (1975)
Neil Young & Crazy Horse

Outro que sempre curtiu uma musiquinha de dor-de-cotovelo é Neil Young. Na estréia solo de 1969 o então jovem compositor já atacava com "What Did You Do To My Life" e "I've Loved Her So Long". O monumental After The Goldrush (1970), por exemplo, trazia as comoventes "Only Love Can Break Your Heart" e sua versão para o clássico country "Oh, Lonesome Me". Acompanhado mais uma vez da melhor banda de apoio de todos os tempos, o Crazy Horse (marcando aqui a estréia do guitarrista Frank "Poncho" Sampedro, substituindo Danny Whitten, morto por overdose), em Zuma, Neil destila algumas de suas melhores canções sobre o tema. Elétrico e vigoroso, o disco gravado ao vivo em estúdio é uma verdadeira aula de country rock.

Em "Don't Cry No Tears", Neil não consegue esconder que se morde de ciúmes: "Bem, eu imagino quem está com ela hoje/ e imagino quem a está segurando com força/ mas não há nada que eu possa dizer/ para fazê-lo ir embora/ um amor antigo e verdadeiro/ não é difícil de se ver/ não chore suas lágrimas sobre mim". "Dangerbird", lenta e pesada (traz o solo de guitarra favorito de Lou Reed) retoma as paranóias ciumentas: "E nós costumávamos ser tão calmos/ agora eu penso em você o dia inteiro/ porque você esteve com outro homem/ aí está você e aqui estou eu".

A acústica e singela "Pardon My Heart" fala de uma das formas mais dolorosas de amor, o não correspondido: "Perdoe meu coração/ se eu demonstrei que me importo/ mas eu te amo mais que os momentos/ que nós partilhamos ou não". Só uma mulher muito, mas muito insensível mesmo resistiria a alguém que lhe oferecesse essa canção. Na balada "Lookin' For A Love" (que um certo Roberto Frejat roubou descaradamente para escrever a medonha "Segredos") Neil especula a respeito da mulher certa para ele, mesmo sabendo que ela não vai ser nada parecida com o jeito que ele a imaginou. "Procurando por um amor que é certo para mim/ eu não sei quanto tempo irá levar/ mas eu espero tratá-la bem/ e não bagunçar com a sua cabeça/ quando ela começar a ver/ o meu lado mais sombrio", anseia.
Como bem definiu certa vez um crítico da revista Q, "Barstool Blues" é a melhor música sobre tentar alugar alguém enquanto se está bêbado: "Se eu pudesse me fixar em um só pensamento/ o tempo suficiente para saber/ por que minha mente está se movendo tão rápido/ e minha conversa é lenta". Ressentido até os ossos, Neil solta alguns de seus melhores versos: "Uma vez havia um amigo meu/que morreu mil mortes/ sua vida estava cheia de parasitas/ e incontáveis ameaças vazias/ ele confiava em uma mulher/ e nela fez suas apostas/ uma vez havia um amigo meu/ que morreu mil mortes".

Virulência mesmo ele guarda para as barulhentas "Stupid Girl" e "Driveback". A primeira foi supostamente escrita para Joni Mitchell, com quem Neil teve um envolvimento. "Você é apenas uma garota estúpida/ você tem mesmo muito o que aprender/ comece a viver de novo/ esqueça a respeito de se lembrar/ você é uma garota estúpida", metralha. Em "Driveback", o cara está puto e é sucinto: "Dirija de volta/ para sua velha cidade/ eu quero acordar/ sem ninguém por perto". Apesar de fugir do tema, as duas músicas que encerram o álbum estão entre as coisas mais fodas que o véio já fez na vida. Os longos delírios guitarrísticos de "Cortez The Killer" servem como pano de fundo para contar a história do conquistador espanhol que dizimou a população da América Central. E na sutil e delicada "Trough My Sails", Young, junto a Crosby, Stills e Nash, entra num clima ripongo cantando sobre uma chapaceira que não passa.

THE BOATMAN'S CALL (1997)
Nick Cave & The Bad Seeds

Depois de um dueto sensacional ("Henry Lee", que aparece em Murder Ballads) e um relacionamento com Nick Cave, a marvada P.J. Harvey deixou o australiano com o lencinho na mão. Aí, para se vingar do mundo, Nick foi lá e gravou o melhor disco dos anos 90: The Boatman's Call, sua obra-prima pessoal e uma referência pra qualquer pessoa nas mesmas condições de solidão e desalento amoroso. Conheço gente que não trocaria a P.J. Harvey nem se fosse para fazer um disco melhor que o Revolver, mas sinceramente, The Boatman's Call fez valer o pé na bunda. Pense bem: pegue todos os "tchau e benção" que você já levou na vida e tente traduzir em "Into My Arms", por exemplo: "Eu não acredito num Deus intervencionista, (...) mas se ele sentir que precisa te guiar, que te guie para meus braços".

The Boatman's Call é lamento de gente grande, sem nenhuma relação com a choradeira estéril das bandas inglesas. Nick desdenha da humanidade ("People Ain't No Good"), da esperança ("Are You The One I've Been Waiting For?") e se mostra completamente desnorteado quanto à fé religiosa (nas contraditórias "There Is A Kingdom" e "Idiot Prayer"). Ao que parece, Nick Cave hoje é um sujeito feliz e bem casado. E como era de se esperar, não gravou mais nada que pudesse se comparar a The Boatman's Call. Não adianta, vocês que vivem de fazer musiquinha têm mais é que sofrer mesmo.

NEW SKIN FOR THE OLD CEREMONY (1974)
Leonard Cohen

Desde sua estréia em disco que Leonard Cohen dedica várias das letras de suas canções a relacionamentos conflituosos. Obras-primas como "So Long, Marianne" e "Hey, That's No Way To Say Goodbye" já versavam sobre fins de casos, mas é neste seu quarto álbum que ele mais se concentra no tema. A capa, uma ilustração de 1550 de um livro de alquimia, representa a união espiritual dos princípios masculinos e femininos. Como poeta, Cohen está ombro a ombro com Dylan, e na canção de abertura ele mostra a que veio. "Is This What You Wanted" trata de um relacionamento que se recusa a acabar: "É isso que você queria/viver numa casa que é assombrada/pelos fantasmas de você e eu?", pergunta-se no refrão. A certa altura ele consegue a proeza de rimar Steve McQueen com vaselina e Rin Tin Tin, no mesmo verso cabuloso em que fala de Marlon Brando, medicina moderna, prostitutas da Babilônia e K.Y.

"Chelsea Hotel #2", ambientada no hotel favorito dos malditos de Nova Iorque, fala de um encontro furtivo que o bardo teve com Janis Joplin. A delicadeza da forma contrasta com a letra pungente que não se furta a comentar detalhes sórdidos, como o sexo oral que ele recebe na cama desfeita enquanto as limusines esperam na rua. "Você foi embora/e nenhuma vez eu ouvi você dizer/ eu te quero/ eu não te quero", lamenta ele sobre o caso sem futuro. O humor auto-depreciativo o faz escrever jóias como: "Você me disse de novo/ que prefere os homens bonitos/mas para mim você faria uma exceção (...) Você diz 'bem, não importa/nós somos feios mas temos a música". E no fim ele tenta minimizar o sofrimento: "Eu me lembro bem de você/ no Chelsea Hotel/ isso é tudo/ eu nem penso em você com muita freqüência".

Em "Lover, Lover, Lover", ele começa pedindo para mudar de nome, pois o que usa está coberto de medo, imundície, covardia e vergonha. O refrão é uma súplica desesperada: "Amante, amante, amante/volte para mim". "Field Commander Cohen" narra as desventuras de um certo comandante Cohen, ferido na linha de batalha, instigando Fidel Castro a abandonar campos e castelos. No último verso ele canta: "Ah, amor/venha e se deite comigo/se meu amor é quem você é (...)Então deixe que os outros estejam errados, sim, deixe que eles manifestem e gozem/até que todo o gosto esteja na língua/até que todo o amor esteja perfurado e enforcado/e todo tipo de liberdade esteja terminada/oh, meu amor".

Na bluesy "Why Don't You Try", ele aconselha uma mulher a dar um pé-na-bunda em um sujeito: "Porque você não tenta/viver sem ele?/ (...) Você realmente precisa das mãos dele para sua paixão?/Você realmente precisa do coração dele para seu trono? (...) Você realmente precisa segurar uma coleira para ser uma dama?". Já em "I Tried To Leave You" é ele quem quer escapar de uma mulher: "Eu tentei te deixar/eu não nego/ eu fechei o nosso livro/ pelo menos cem vezes". "There Is War" trata basicamente de uma guerra entre um homem e uma mulher. "Bem, eu vivo aqui com mulher e filho/a situação me deixa meio nervoso/ sim, eu vou me levantar de seus braços/ ela diz 'eu acho que você chama isso de amor' /eu chamo isso de obrigação", canta ele sem rodeios.

"Take This Longing", composta enquanto assistia a um show da femme fatale Nico, uma de suas fixações não consumadas, lida com o inusitado tema da privação depois do fim de uma relação: "Apenas tire este desejo da minha língua/todas as coisas solitárias minhas mãos já fizeram/me deixe ver sua beleza quebrada/como você faria por aquele que ama". O disco encerra com a venenosa "Green Sleeves". Amargo como nunca, Cohen dispara: "Eu cantei minhas canções/eu contei minhas mentiras/para me deitar entre suas inigualáveis coxas/ (...) Oh, eu esperava que você fosse um novo alguém/ eu procurei por você mas você tinha partido/ então, lady, estou indo também". Uma dessas é difícil de superar.

SEA CHANGE (2002)
Beck

Considerado por alguns como "o irmão menor de Blood On The Tracks", Sea Change deu um novo sentido à carreira de Beck Hansen - sai o pastiche funk de Midnite Vultures e a colagem caótica de estilos de Odelay para dar vez à tal da "maturidade". Descornado e desconsolado, Beck chamou o produtor Nigel Godrich para polir um disco repleto de violões e arranjos de cordas que dão o ar tristonho da primeira à última faixa. "The Golden Age" começa lembrando os acordes de "Wild Horses", dos Stones, mas a comparação termina quando entra a voz, tímida, pedindo para "deixar a era de ouro começar".

Sabe aquele falso otimismo que vem com o fim de um relacionamento? Pois é, Beck também tenta enganar a gente em "Guess I'm Doing Fine" ("é só você que eu estou perdendo..."), mas acaba entregando o rancor em "Lost Cause": "Te deixo aqui, curando suas feridas / Apontando suas armas para um novo alguém / (...) Meu bem, você é um caso perdido". Não é um disco perfeito - tem horas em que o chororô desmedido cansa - mas parece sincero e isso, numa época tão cínica quanto essa, conta muito a favor de Sea Change. Deve ter vendido pouco e deixado a Geffen Records com a pulga na orelha, mas ao menos Beck chutou seus demônios com belas canções.

Henrique Takimoto Jasa

YATTA

bye-Q!

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