Crônicas: O Chupa Games - José Mojica Marins
Fonte: "Cine Terror Trash"
Hoje, eu estava pensando com meus botões o que eu poderia fazer pra dar um up a mais no blog... e lembrei que há algum tempo atraz eu tinha lido no site do Zé do Caixão algumas cronicas dele... ai veio a ideia de colocar aqui alguns textos e histórias de terror... pra quem gosta de leitura e terror, como eu, é um prato cheio...
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Ele se considerava o maior. Num computador, fazia misérias! Seu maior hobby, era ficar "fuçando" no PC, em busca de maiores conhecimentos, tentando dominar a máquina. Ele enchia o saco de todos, contando vantagem sobre o seu domínio na informática. Ele se considerava um gênio, verdadeiro Merlin da informática. Seus estudos varavam noite adentro, criando um universo dominado pelos monstros dos games; mas ele não usava seus conhecimentos de forma prática. O nerd gostava de usar seu lado maligno para infernizar a vida dos outros, ele era um hacker! Capturando e escaneando, seu exército de criaturas grotescas, era descomunal. Sua maior gloria foi conseguir acessar a internet e, através dela, espalhar sua legião de criaturas pelo mundo afora. Nada, nem ninguém era respeitado.
Arquivos inteiros eram ceifados por seus emissários da escuridão, apodrecendo nos campos extensos de milhões de megabytes. Ele era ruim como Lúcifer, e chato como o diabo! Por isto, ninguém queria estar com ele, e a solidão foi sendo sua recompensa. Pena que nada disto lhe serviu de lição; seu ódio o fez se aprofundar em suas mágicas cibernéticas, em busca do espectro maior; aquele que dominaria todos os computadores do mundo. Ele não comia, deixou de se lavar, virou um verdadeiro ogro na aparência. Seu quarto transformou-se num verdadeiro chiqueiro, com restos de comida, garrafas vazias e tocos de cigarro por todo lado. Mas a bagunça não se instalou apenas em seu cubículo. Ainda mais devastador foi o efeito que sua paranóia teve sobre a mente, fazendo-o delirar por longos espaços de tempo. Agora não eram mais pequenas empresas, ou solitários usuários que eram suas vítimas. Ele agora queria mais, muito mais; grandes conglomerados multinacionais, e estatais eram seu próximo alvo. Certa noite, ao tentar colocar um monstro, extraído de um novo CD-Rom de horror, dentro de uma usina hidroelétrica, seu destino foi traçado. Ignorando uma tempestade que se aproximava, ele fez uma série de ligações em série; seria sua grande realização causar um gigantesco blecaute na cidade de São Paulo. A oscilação de energia era violenta, bem como a concentração de energia estática. Mas ele continuava. Da primeira vez, o acesso aos computadores foi negado. Ele não desiste, pelo contrário, se dedica com todas as suas forças em desvendar o código que lhe permitiria entrar nos computadores que controlavam a usina. A noite avançava, e a tempestade também.
O ribombar dos trovões era a trilha sonora desta que seria sua mais recente super produção, iluminada de forma fantasmagórica pelos relâmpagos que riscavam os céus. Os terminais de seu multimídia já estavam incandescentes, como se fosse uma forja infernal, rodando continuamente aquele CD-Rom. De repente, o sistema se abre, ele havia conseguido, em sua genialidade insana, adentrar ao sistema de utilização daquela central. Ele começa a suar frio, suas mãos tremem quando seu indicador se aproxima da tecla enter que, de um golpe é acionada. Neste mesmo instante, cai um raio ao lado de sua casa, invadindo todo o circuito elétrico, seu destino final, o PC de nosso gênio do mal. Uma explosão de luz invade o quarto, enquanto um descarga elétrica percorre seus braços, indo direto ao seu cérebro. Ele foi encontrado no dia seguinte, grudado ao teclado, balbuciando palavras desconexas com os olhos girando descontroladamente dentro de suas órbitas. Por um fenômeno físico, por ocasião da queda daquele raio, o software do CD-Rom havia sido transferido para seu cérebro. Ele estava condenado a viver, o resto de seus dias, participando ativamente de um game de horror, totalmente desligado da realidade... era o horror virtual!
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