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Como o Morcego deve ser

(publicado originalmente em Reg Thorpe - Fornit Some Fornus)


Batman Begins. O Cavaleiro das Trevas. Dead End. Os dois primeiros filmes da franquia de Christopher Nolan e o curta independente dirigido por Sandy Collora são, para muitos, as versões mais fiéis do Batman no que diz respeito a cinema. Concordo com quem diz que os longas de Nolan são as versões definitivas do Homem-Morcego nas telonas e que Dead End, de Collora, seja o Batman que os fãs estão acostumados a ver nos quadrinhos, mas eu, pessoalmente, incluo nessa categoria um desenho pouco conhecido do público em geral: Batman: A Máscara do Fantasma, de 1993.
O longa-metragem é diretamente baseado no seriado de sucesso Batman - Animated Series, que durou três temporadas e foi um verdadeiro marco no gênero de animações de heróis dos quadrinhos. Bastante fiel à personalidade soturna do Homem-Morcego a partir dos anos oitenta, o seriado também reflete bastante o visual dos exageradamente criticados filmes de Tim Burton. Tanto que, o tema de abertura foi composto por Danny Elfman, que também foi o responsável pela trilha sonora de Batman (1989) e Batman - O Retorno (1992). O sucesso foi tanto que praticamente todas as animações dos personagens da DC Comics a partir de então foram baseadas no estilo desse desenho. Bruce Timm, o produtor principal da série, viria a ser responsável pelas séries do Superman (1996), Batman do Futuro (1999) e Liga da Justiça, além dos longas A Morte do Superman, Superman/Batman: Inimigos Públicos e Batman: O Cavaleiro de Gotham. Embora tenha visto muito pouco de Batman Animated, ainda é um dos meus desenhos favoritos de todos os tempos.
Na esteira do sucesso da primeira temporada da série, a DC produziu o longa A Máscara do Fantasma. Revi esse desenho anteontem depois de muito tempo e digo-vos (digo-vos?): é a melhor animação do Batman que eu já vi (talvez seja interessante mencionar que ainda não vi o recente Batman: Ano Um). Se o Cavaleiro das Trevas é o filme definitivo, A Máscara do Fantasma é a animação definitiva.
O principal motivo pelo qual eu tenho essa opinião é que esse filme mostra o Batman como ele deve ser: detetive, taciturno. Um caçador urbano. Eu sou daqueles que acham que as melhores histórias do morcego são justamente as passadas em Gotham. Apesar de ser um dos mais importantes membros da Liga da Justiça, por exemplo, não gosto da participação dele nas sagas cósmicas (Inimigos Públicos é uma exceção). É em Gotham e é perseguindo bandidos comuns (para os padrões dele, é claro!) que Batman tem as melhores histórias. Quando segue essa linha, nenhum personagem dos quadrinhos se equipara a ele.
A Máscara do Fantasma mescla passado e presente da trajetória do personagem. Esse estilo também foi bastante abordado em Batman Begins (2005), embora não seja tão pretensioso no que diz respeito a contar a origem do herói. O desenho se limita a mostrar o momento em que Bruce Wayne encontra-se na fase final de seu treinamento e começa a fazer suas primeiras patrulhas na noite de Gotham, ainda sem sua indumentária característica. Aliás, em uma dessas patrulhas, o desempenho de Wayne como vigilante mascarado mostra a necessidade de criar a identidade a que passaria a ter tempos depois.
No presente, Batman investiga a presença de uma misteriosa figura nas noites da cidade. Um novo vigilante está exterminando antigos mafiosos ligados de alguma maneira a uma antiga namorada de Wayne. Dizendo assim, parece bem simples. E, de fato é, o que prova que de um tema sem viagens no tempo, batalhas espaciais ou monstros do espaço, podem sair boas histórias. Basicamente, A Máscara do Fantasma é um conto sobre gângsteres.
Como não poderia deixar de ser, o primeiro longa animado dessa versão do Morcego conta também com a participação do arqui-inimigo do herói. O Coringa desse filme não deve absolutamente nada aos já lendários Jack Nicholson (em Batman, 1989) e Heath Ledger (O Cavaleiro das Trevas, 2008). Aliás, o dublador da versão em português é o mesmo de Nicholson como o Coringa. E, nesse caso, assim como Marcio Seixas dublando o Batman, ficou muito melhor do que a versão original em inglês.
Outro aspecto digno de nota é a trilha sonora de Shirley Walker, que também é a responsável pela grande maioria dos episódios da série de TV. A música de Walker (falecida em 2006) é comparável às trilhas sonoras de vários filmes live action de super-heróis. Em muitos casos, é até melhor.
Em em uma época em que os desenhos e filmes de super-heróis estão tendo cada vez mais cuidado ao serem feitos, Batman: A Máscara do Fantasma, que foi produzido no início da década de noventa, pode ser facilmente incluído em qualquer lista dos melhores de todos os tempos.
 
Batman: A Máscara do Fantasma - trailer
 

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