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A DECADÊNCIA DA KISS FM - A ex-Classic Rock Radio

A Kiss está mais chata
A Kiss FM, que surgiu como um refúgio relativamente seguro para os roqueiros paulistanos, dá sinais de perder o fôlego

Durante o programa "House of Blues" de 27 de março, o apresentador Ricardo Côrte Real (ex-Super Market) leu um e-mail revelador. Na mensagem, o ouvinte reclamava que, após o programa - transmitido todo domingo à noite -, a seqüência de músicas era a mesma, com "All Those Years Ago" de George Harrison, "Jealous Guy" com Roxy Music e uma série de outras músicas. O timing foi perfeito. Meia-hora depois teve início a série engessada de músicas, exatamente como tinha reclamado o tal ouvinte.

Foi apenas mais um sinal de como a Kiss está ficando monótona. A rádio surgiu como um refúgio para os roqueiros paulistanos, cansados de terem sua confiança traída por 89 e Brasil 2000. Afinal, prometia - e, dentro de certos parâmetros, cumpria - 24 horas de clássicos do rock. Nada de Linkin Park, Evanescence, Charlie Brown Jr., No Doubt ou acústico do Capital Inicial. Era a vez de Pink Floyd, Rolling Stones, Deep Purple, Black Sabbath, Jethro Tull e até semi-esquecidos como Ted Nugent e Black Montana Overdrive. Alguns até são chatos, mas, pelo menos, é algo diferente. E não é reggae.

Aos poucos, porém, a emissora se tornou menos ideológica, buscando popices e baladinhas que fossem aceitáveis a ouvidos menos exigentes. Mas fez isso de forma sutil para evitar uma rejeição instantânea dos roqueiros mais fiéis. Os artistas são os mesmos, mas suas composições mais melosas - "All My Love" do Led Zeppelin ou "On the Turning Away" do Pink Floyd - ou as que viraram chavão de tanto que já foram expostas - "Smoke on the Water", "Bohemian Rapsody" e congêneres - agora predominam.

Essa política é perceptível até no que deveria ser metal. O público que gosta de um peso maior não tem mais Iron Maiden ou Dio. A ordem agora é investir em "Miles Away" do Winger, "I Still Love You" do Scorpions e outras com jeitão de propaganda dos Cuidado para não estragar o penteado dos machões do Wingercigarros Hollywood. No máximo, os cansativos falsetes de Axl Rose no Guns'n'Roses. A atitude pode passar despercebida em uma primeira audição. Mas insistir na Kiss por uns poucos dias já é suficiente para perceber que a "classic rock station" não é mais a mesma.

Mas ficou ainda pior. A "média de idade" das músicas baixou. Os anos 60 e 70 perdem espaço para os 80 e 90. Vá lá, pois "The Cure", "Smiths", "Iron Maiden" e "Nirvana" já podem ser consideradas históricas pelo tempo de carreira ou pelo legado da obra. Porém, por mais pessoal que seja o conceito de "clássico", ouvir bandas como The Wallflowers, Spin Doctors e Semisonic em uma "classic rock station" não faz sentido.

Aparentemente, a emissora da CBS (Comunicações Brasil Sat, dona também da Scala FM no dial paulistano) quer trazer um público mais jovem e se transformar em estação de música ambiente. Seria um pena para a própria Kiss, pois deixaria de lado uma horda de roqueiros abandonados que tendem a migrar para a renovada Brasil 2000 que, sob a direção artística de Kid Vinil, incrementou seu repertório alternativo.

Scorpions deveria ser cachorro morto, mas lembre que isso ainda toca na rádioOs jovens roqueiros perdem aos poucos sua referência. Afinal, a Kiss, podia (nunca foi) ser didática, ensinando os nascidos na segunda metade dos anos 80 que o cenário rock de algumas décadas ainda têm muito a oferecer. Hoje, só se aprende algo no já citado "House of Blues", pois o DJ dedica um pouco de seu tempo contando a história dos músicos e a importância de sua obra. No mais, apenas uma seqüência de músicas, sem contextualização nem explicações mais técnicas. Um Jack Black de Escola do Rock faria um bem danado para a Kiss (e para os ouvintes mais jovens, que devem saber que há pouco a aprender com as popices de boa parte das rádios FMs).

A esperança está na resposta do Ricardo Côrte Real para o e-mail do ouvinte. Ele disse que acabara de receber boas notícias da direção da rádio. De fato, na noite de domingo seguinte, havia um DJ comandando a programação, sem "Jealous Guy" ou "All Those Years Ago". Imagino que o próprio ouvinte espera que não seja só isso.

Bom, alguns anos após o início dessa decadência, eu mesmo tenho até medo de ligar o rádido... É bem melhor eu pegar as mp3, joga rpra um CD qualquer e ouvir num rádio que lê mp3 mesmo... As rádios brasilerias deixaram de prestar há tempos X.x...

YATTA!

bye-Q!

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