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Sessão Cultura Japão - Bunraku: O Coração do Boneco



Muito boa noite pessoal! É com muita satisfação que me apresento para vocês: meu nome é Rodrigo Carracedo e irei colaborar com algumas postagens para o Jam Station com um pouco da minha experiência sobre o universo japonês, entre outros assuntos.

Sou formado em jornalismo desde 2008 pela Universidade São Judas Tadeu em São Paulo e também já tive um site voltado à cultura pop japonesa, o extinto Anime4Play. Hoje para dar início à sessão Cultura Japão, postarei uma matéria feita por mim na época de universitário sobre a arte do teatro Bunraku. Confiram abaixo:

Bunraku: O Coração do Boneco (por Rodrigo Carracedo)

Era uma simples obra de um carpinteiro frustrado, que num belo dia, pelo milagre de uma fada, recebeu o dom da fala assim como os humanos. Até esse ponto você já deve ter se lembrado de que tal obra era um boneco de madeira, Pinóquio, criado pelo carpinteiro que nunca tivera um filho, Gepeto. O boneco tinha personalidades humanas, porém, ainda assim, não passava de um boneco de madeira que sonhava em ser um humano de carne e osso. Tal obra, criada por Walt Disney, serve para comparação com os bonecos do teatro popular japonês Bunraku. Já dizia o teatrólogo francês, Jean-Louis Barrault, que tais bonecos eram deuses encarnados.

Pinóquio: O boneco que sonhava em ser gente (Divulgação)

O Bunraku é um teatro tradicional japonês que teve início no período Edo (1603-1787), na atual Tóquio, época de grande desenvolvimento comercial e da formação de grandes cidades. Teve influência do teatro Kabuki, que é considerado a arte burlesca nipônica e se instalou em Osaka.

Suas histórias narram fatos reais de uma época, as vezes incorporando-se um pouco de ficção. Conta Francisco Handa, doutor em história pela UNESP e monge budista há cerca de dezessete anos do Templo Soto Zenshu, situado na rua São Joaquim, centro de São Paulo, que Osaka foi o ponto de início do Bunraku por ser a cidade mais antiga do Japão, uma cidade de novos ricos, tradições e histórias. "Osaka é uma cidade comercial. Parte do público do Bunraku era de comerciantes que faziam muito dinheiro e tinham necessidade, também, de gastá-lo com algum entretenimento".


Francisco Handa; Entrada do Templo Soto Zenshu (Rodrigo Carracedo)

Nos animes e mangás, os personagens expressam suas emoções através de seus grandes olhos. No Bunraku, cada boneco tem uma característica diferente e mecanismos que permitem que sua fisionomia seja modificada, o que os tornam extremamente expressivos. Existem mais de 70 tipos de cabeças, que representam a alma do boneco. São classificados em: homem, jovem, mulher, criança, caráter cômico e extra.


 Cena de uma peça de Bunraku (Divulgação)
Assim como na história de Pinóquio, os bonecos do Bunraku parecem ter vida própria. Não existem fios que os prendam ao teto, ou algo parecido. São manuseados por seus condutores que se vestem com roupas pretas - chegando até mesmo a cobrirem suas cabeças com uma máscara para não interferirem na peça.

"O público busca emoção ao assistir uma peça de Bunraku. É melodramático. O espectador não apenas se identifica com o personagem exteriormente, mas muitas vezes deve possuir o personagem dentro de si para sentir interesse pela peça. Há um constante movimento entre o que assiste e o atuante da peça", diz Handa. Aristóteles dizia que a catarse no teatro leva ao êxtase.

Durante a Segunda Guerra mundial, o Bunraku quase foi extinto da cultura japonesa. Muitos bonecos se perderam facilmente em incêndios, já que todos eram feitos de madeira. Porém em 1946, com a guerra já terminada, algumas entidades reviveram a arte como cultura de preservação, porém, não possui a mesma força de antigamente.

Diferente da cultura ocidental, o teatro japonês não é subdividido em estilos como por exemplo, ópera, teatro tradicional, canto, etc. Cada peça do teatro japonês engloba todos os estilos existentes. No Brasil, também é possível encontrar mais materiais sobre a arte Bunraku na Fundação Japão. Há diversos tipos de teatros com bonecos, e alguns usam até mesmo a forma de manuseio do Bunraku, porém para se dominar tal técnica é necessário anos de prática e, talvez, quem sabe, um ensinamento que passa de geração a geração.

Esta matéria é exclusiva do site Jam Station e não é permitida a cópia desta sem a devida autorização dos responsáveis pelo site.


Um comentário

Yatta disse...

Rodrigo, curti seu primeiro post. Ficou muito bom mesmo! Continue assim, que você tem futuro ^^

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