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A filha da Sra. White

(publicado originalmente em Reg Thorpe - Fornit Some Fornus)

King é bom desde o início.
Uma das primeiras coisas que assustam em Carrie, a Estranha, primeiro livro de Stephen King, não é a história em si, mas a introdução feita pelo autor. Nela, King diz que logo que começou a escrever o livro, foi "assombrado" por duas personagens do mundo real, da época de escola do escritor. Nenhuma das duas chegou aos trinta anos.
Carrie White, dezesseis anos, é uma daquelas estudantes consideradas o patinho feio da turma. Suas colegas de escola zombam constantemente dela, lhe atiram coisas, esticam a perna para que ela tropece. Toda turma tem um desses "excluídos" (ou pelo menos, toda turma estudantil retratada nos livros e filmes americanos), mas Carrie tem alguma coisa a mais dentro dela: o dom da telecinesia, a capacidade de mover objetos apenas com a força da mente. O poder de Carrie é considerado uma maldição divina para a sua mãe, fanática religiosa.
O prólogo do livro já mostra certos acontecimentos estranhos envolvendo as White. Quando a menina tinha três anos de idade, uma estranha chuva de pedras e granizo atingiu sua casa, na pequena cidade de Chamberlain. Somente a sua casa.
Os eventos ocorridos na história, que desencadeariam na trágica Noite do Baile, começam um pouco após uma aula de Educação Física. Enquanto as meninas estão no vestiário, acontece a pior coisa possível para uma garota com o status de Carrie: a garota fica menstruada pela primeira vez e, pra piorar, não faz idéia do que está lhe acontecendo. Acha que está morrendo de hemorragia interna. As outras garotas lhe atiram absorventes e ficam rindo dela, pouco antes de ser ajudada pela professora, furiosa e enojada ao mesmo tempo. Pouco tempo depois, a diretoria da escola decide suspender as meninas que fizeram chacota de Carrie, proibindo-as de participar do Baile da Primavera. Uma delas, a patricinha Christine Hargensen, promete vingança.
Uma das alunas envolvidas no incidente, Sue Snell (provavelmente a mais madura da turma), fica com peso na consciência e passa a tentar reparar o erro. Convence o namorado Tommy a convidá-la para o baile em seu lugar (à sombra dos acontecimentos posteriores, talvez tenha sido uma decisão da qual se arrependeu profundamente).
O livro teve uma versão cinematográfica relativamente boa em 1976, com Sissy Spacek como Carrie, Nancy Allen (a policial parceira do Robocop) como a vilã Chris Hargensen e com John Travolta como o namorado de Chris. Embora o filme não tenha ficado ruim e tenha sido fiel à história original, o final do livro é mais f*d%d*. Não vou entrar em mais detalhes pra não estragar a surpresa para quem não viu.
Embora tenha sido o primeiro livro de King, algumas coisas presentes em seus trabalhos posteriores já podiam ser notadas: os pensamentos dos personagens colocados entre parênteses (assim como em O Cemitério e em O Iluminado), cronologia "não linear" (sei que o termo não é esse, mas também não sei qual é o correto) e algumas revelações do final da história antes do final da história. Carrie não é o melhor livro dele, mas sem dúvida já foi um tremendo de um bom começo.

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