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Simitério de Bichos

(publicado originalmente em Reg Thorpe - Fornit Some Fornus)

Provavelmente, uma das histórias de terror mais terríveis já escrita em qualquer mídia (cinema, livros, televisão) é Pet Sematary, de Stephen King. O livro saiu por aqui com o título de O Cemitério, atualmente é publicado pela Editora Objetiva e é relativamente fácil de ser encontrado em livrarias, apesar de ser um livro do começo da década de oitenta. Há pouco tempo foi relançado nessas edições de bolso (desde que sejam bolsos bem grandes) e dá pra encontrar em lojas tipo Saraiva, Nobel, etc.
É possível que esse seja meu livro favorito, ao lado de Stardust (Gaiman) e Belas Maldições (Gaiman e Pratchett). Se não me engano, li pela primeira vez aos quinze anos de idade (já havia visto o filme quando pequeno, mas me lembrava de muito pouco) e devo ter relido pelo menos umas dez vezes desde então. Apesar de ser uma história realmente assustadora, O Cemitério me dá bastante calma. Isso se deve ao fato de que o enredo se passa em uma cidadezinha do interior do estado do Maine, nos Estados Unidos, cenário da maioria das histórias de Stephen King.
Quando disse no começo desse post que essa se trata de uma história terrível, isso se refere a vários aspectos. Alguns deles foram abordados em outras obras de King, mas aqui a combinação de todos eles ficou simplesmente perfeita. Diz a lenda que o próprio escritor chegou a desistir de continuar a escrever O Cemitério por se tratar de um terror forte demais.

É preciso que se diga que o terror presente nesse livro a que me refiro não vem de monstros, vampiros, bruxas ou qualquer outra criatura do tipo. Talvez o termo zumbi se encaixe nesse contexto, mas mesmo isso é abordado de forma totalmente inovadora.

O livro começa com o médico Louis Creed chegando a sua nova casa na pequena cidade de Ludlow, no Maine. Creed se mudara da agitação de Chicago para a tranquilidade do interior junto com a esposa Rachel, a filha de cinco anos Ellie, o bebê Gage e o gato da família, Church. A casa, embora situada em uma cidade pequena, encontra-se às margens de uma movimentada rodovia, em que carros e caminhões circulam dia e noite. As fundos da propriedade, há um enorme bosque que se estende por cerca de oitenta quilômetros mata adentro.
No dia da mudança, a família Creed faz amizade com seu novo vizinho, o septuagenário Jud Crandall, que vive com a esposa na casa do outro lado da estrada, em frente à propriedade de Louis. O médico simpatiza logo de cara com o velhinho, que se põe a disposição para ajudar na adaptação da nova família. Crandall diz ter passado toda a sua vida em Ludlow e é um grande conhecedor das histórias da região. Naquela mesma tarde, Ellie descobre uma trilha aberta no meio do mato nos fundos do quintal da casa, que parece desaparecer nos bosques.

Alguns dias depois, em um dos primeiros passeios pela região, Jud leva os Creed a um local isolado no meio do mato que, de certa forma, traz um certo desconforto e perturbação à família: um cemitério de animais, onde gerações e gerações de crianças enterraram ali os seus bichinhos de estimação. Ellie fica transtornada com a idéia de que talvez, um dia ela mesmo tenha que enterrar o seu gato ali. Louis acha a reação da filha extremamente natural, logo que é o primeiro contato que a garota tem com algo relacionado à morte.
Aos poucos, Louis e o resto da família vão se adaptando à nova vida. O emprego como diretor da enfermaria da Universidade do Maine parece ser perfeito... e de fato é, até que no primeiro dia do ano letivo, Louis precisa enfrentar uma prova de fogo.
Logo pela manhã, um rapaz chamado Victor Pascow é levado em estado grave para a enfermaria do campus, vítima de um acidente de moto. Louis percebe que pouco pode fazer devido à gravidade dos ferimentos e fica momentaneamente sozinho com o rapaz, enquanto seus assistentes saíram  para buscar macas, cobertores, impedir que curiosos vissem mais do que deveriam, etc.
E aquela pessoa, com um enorme ferimento na cabeça, que provavelmente morreria dali a minutos, disse a um aterrorizado Louis:
- O "simitério" de bichos... não é o verdadeiro cemitério!
Creed, que realmente não sabia no que acreditava no que se referia a assuntos espirituais, se assustou, teve um ataque de pânico, mas no final das contas, concluiu que tudo não passara de uma simples impressão, de alguma associação de palavras feitas pela sua própria mente, que aquele homem ensanguentado no chão da enfermaria NUNCA poderia ter dito aquilo. Não fazia o menor sentido!
Naquela noite, depois de sua esposa adormecer, Louis ouviu o barulho de uma pancada. Achou que talvez Gage tivesse caído do berço e assim que se preparava para se levantar, viu Victor Pascow parado no vão da porta. O barulho fora da porta batendo.
 - Venha comigo, doutor. Temos lugares a ir.
 
O fantasma de Pascow leva Louis (ou será apenas um ataque de sonambulismo?) às profundezas dos bosques e o adverte que a destruição dele e de tudo o que ele ama está muito próxima. Fala sobre barreiras entre a vida e a morte.

O horror presente em O Cemitério não está aí. Na verdade, é uma coisa muito mais real, por se tratar de uma espécie de drama familiar que ocorre com os Creed

A obra-prima de Stephen King.

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