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O Dia do Apocalypse

(publicado originalmente em Reg Thorpe - Fornit Some Fornus)

Capa da edição brasileira, pela Editora Abril
Há quase dezessete anos (nossa, faz tempo!), assim como a grande maioria dos garotos da minha idade, eu ia passar férias na casa dos tios e, consequentemente, dos primos também. Na época, um desses primos curtia HQ's de super-heróis, os chamados comics americanos e me apresentou à história que seria a minha primeira do gênero: A Morte do Super-Homem, publicada pela Editora Abril. Naquele tempo (nossa!), assim como a maioria das pessoas "de fora" dos quadrinhos, o Superman na minha memória era aquele dos filmes, interpretado pelo ator Christopher Reeve. Às vezes, eu até tento me lembrar, mas realmente não tenho certeza se eu sequer sabia que o Homem de Aço era um personagem originalmente dos quadrinhos.

A história é bem simples: em algum lugar da Terra surge um monstro irracional muito poderoso que simplesmente destrói tudo à sua frente. Reparem bem: o termo "morte e destruição" se aplica perfeitamente à criatura. Em determinado momento, ele chega a uma rodovia e vira uma CARRETA de cabeça pra baixo. Não demora muito até que a Liga da Justiça seja chamada para resolver o problema.
Na época, a Liga tinha uma formação bem fraquinha se compararmos à equipe da segunda metade dos anos 90 (nos EUA). A equipe sai à caça do monstro e, seguindo o rastro de destruição, o encontra com relativa facilidade. Para eles, aquele aparentemente não passa de mais um vilão a ser derrotado.

Enquanto isso, o Superman (na edição brasileira, chamado de Super-Homem) está em Metrópolis participando de um programa de entrevistas para um grupo de estudantes. Assim que é informado do que está acontecendo, Superman deixa o programa às pressas e parte para ajudar a Liga, já que na época ele liderava a equipe. Quando chega ao local, a equipe já está praticamente derrotada e o cara se vê em uma encrenca da qual ainda não sabia direito a proporção que chegaria.
Começa aí uma das batalhas mais sangrentas já vistas nos quadrinhos. 

Depois que os membros da Liga da Justiça ficaram fora de combate, Superman começa uma caça frenética ao vilão atravéssando metade dos Estados Unidos. Enquanto o monstro, batizado apenas como Apocalypse (o herói Gladiador Dourado sugeriu o nome), arrasa tudo por onde passa, o Homem de Aço tenta derrotar a criatura usando força física, mas sem sucesso. O vilão não aparenta sinais de cansaço.
Superman persegue Apocalypse até (adivinhe!) Metrópolis e a luta de ambos destrói grande parte de cidade. O herói passa a dividir sua atenção entre o monstro e os muitos inocentes que podem se ferir durante o combate.

Depois de uma muito tempo de batalha (com direito a Superman salvando Lois Lane de um helicóptero em queda), herói e vilão encontram-se exaustos. O kryptoniano mal consegue se manter em pé e apanha. 
Quer dizer, ele apanha mesmo!
MUITO!

No final, em um último esforço, Superman e Apocalypse se golpeiam com força suficiente para estilhaçar as janelas dos prédios ao redor e caem em frente ao prédio do Planeta Diário. Pra não se levantarem mais.

Se fosse no mundo real, a última parte da história daria aquele friozinho na barriga típico de quando morre alguém famoso e querido pela maioria das pessoas. Em Smallville, no Kansas, os pais de Clark Kent assistem à luta pela TV, impassíveis. Ao final do combate, com as imagens mostrando um Superman ensaguentado nos braços de Lois Lane, Martha Kent abraça o marido. Ambos choram.
   
Obviamente a comparação é exagerada, mas as reações mostradas na história lembram muito as dos brasileiros no dia 1º de maio de 1994 (A Morte do Super-Homem foi lançado por aqui em novembro de 1993). Quem lembra daquele dia sabe do que eu estou falando. Certamente os americanos sentiram algo parecido no dia em que Kennedy foi assassinado.
Preste atenção: eu não sabia absolutamente NADA do Superman. Nada de Krypton, nada de pais adotivos, nada de Lois Lane. Mas mesmo assim, foi como se algum cara importante pro mundo tivesse mesmo morrido.

Superman #75
A Morte do Superman foi lançada nos Estados Unidos em sete partes, dividida entre as revistas do personagem e a da Liga da Justiça. A edição que culminou com a morte do herói e o fim da primeira parte da saga foi Superman 75, lançada no início de 1993. Aqui no Brasil,  a primeira edição foi da Editora Abril, em novembro do mesmo ano. De lá para cá, a história foi relançada algumas vezes em formatos diferentes. Na última delas, a Panini publicou dois encadernados em capa dura, ainda facilmente encontrados em livrarias.
Trecho de uma das republicações (Panini, 2010)




Trecho da edição americana

Na época de seu lançamento, as revistas do herói passavam por maus momentos de vendas nos Estados Unidos. Querendo aproveitar o sucesso que a série de TV Lois & Clark estava fazendo, durante a reunião anual que acontece entre os editores e artistas responsáveis pelo rumo que as histórias vão tomar nos doze meses seguintes a idéia era realizar o casamento do Superman dos quadrinhos na mesma época em que isso aconteceria no programa. Contudo, devido a algumas divergências de calendário, isso acabou sendo adiado. Em determinado momento da tal reunião, um deles se levantou e disse: "Já sei! Vamos matá-lo".
O que começou como brincadeira se tornaria uma das mais famosas sagas das histórias em quadrinhos de todos os tempos.


Em 2007, a Warner lançou a adaptação animada chamada Superman: Doomsday. Embora a saga inteira, incluindo o retorno do herói tenha sido espremida em um filme relativamente curto, não ficou ruim. As cenas da batalha entre Superman e Apocalypse estão entre as mais violentas que já vi em um desenho animado (sobretudo a cena em que ambos caem em um túnel do metrô).

Pouco tempo depois de ler essa história pela primeira vez, vi na banca de jornais perto de casa a edição "O Retorno do Super-Homem." Meu pai comprou a revista pra mim, mesmo R$3,20 sendo muito caro pra época. Foi a partir daí que comecei a me interessar por HQ's. Acompanhei diversas fases do personagem, antes de partir pra novos gêneros de quadrinhos.
E isso durou algum tempo...

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